quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A RETOMADA DA INDUSTRIA IMOBILIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Por Wildemir Demartini 
Presidente da Regional Centro-Oeste da Fiabci/Brasil
Artigo publicado no jornal O Estadão, em 9 de setembro DE 2014, caderno Economia, página B6.


O ano ainda não acabou, mas já é possível dizer que o mercado imobiliário do Distrito Federal – considerado um dos maiores do País – enxerga 2014 como um período de retomada das expectativas de bons negócios, estimulando perspectivas positivas para o triênio 2015–2017, após uma temporada de pouco crescimento, que perdurou por mais de dois anos.

Durante o período de janeiro a julho deste ano, foram registrados doze lançamentos na região, um movimento fraco, se comparado a 2011, e que até poderia sinalizar aos compradores que o ritmo de negócios iria agonizar. Entretanto, a maioria dos terrenos destinados a empreendimentos imobiliários no DF é ofertada periodicamente pelo governo local que, recentemente, vendeu com sucesso as projeções do novo bairro Noroeste, situado no Plano Piloto de Brasília. Além disso, novos lançamentos residenciais no Plano foram anunciados no início do segundo semestre, a um preço médio de R$ 15 mil o metro quadrado. São fortes indicativos de que a indústria imobiliária está reagindo.

O vai-e-vem do mercado imobiliário é algo natural. No entanto, o período de aquecimento do Distrito Federal e de várias outras praças, que aconteceu de 2008 ao início de 2011, deixou todos os incorporadores, construtores, vendedores e compradores de imóveis muito entusiasmados com o fluxo de negócios em ritmo alucinante. Na época, foram lançadas centenas de empreendimentos residenciais, comerciais, hoteleiros e loteamentos. Os preços acompanhavam o crescimento da demanda, resultado do aumento de renda e da geração de emprego, e os lançamentos eram rapidamente absorvidos pelo mercado.


Foi um período bom, mas, ao mesmo tempo, preocupante. A alta dos preços fez com que aumentasse a volatilidade dos parâmetros de mercado. Agora, passado o período de euforia, fica mais fácil analisar o segmento. O DF passou por uma adequação das expectativas das empresas e dos compradores, o mercado tornou-se mais criterioso e os especuladores de ocasião, assim como os empresários de oportunidade, deixaram o cenário econômico.


Apesar da reação do mercado, a burocracia continua sendo um impeditivo para um crescimento mais efetivo da indústria imobiliária, uma das maiores contribuintes do PIB da capital federal. Sem a agilidade necessária para estimular os negócios no setor, Brasília viu a quantidade de lançamentos diminuir para apenas 21 em 2013, quatro vezes menos do que em 2011. Além disso, o poder público não foi suficientemente ágil, durante anos, para executar as necessárias obras de infraestrutura, que são fundamentais para a implantação de empreendimentos imobiliários.

Pode-se concluir, portanto, que o setor vem se sustentando vendendo estoques. No momento, calcula-se um estoque anual entre 10 mil e 12 mil unidades, considerado um nível normal para o mercado do Distrito Federal. Será necessário, portanto, que sejam aceleradas as obras de infraestrutura e em novos bairros para que haja, novamente, crescimento contínuo no ritmo de vendas. As expectativas são positivas e os indícios da retomada já estão aparecendo, para que bons frutos sejam colhidos a partir do ano que vem.

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